
Cooperativa Sítio dos Bordados 'Um Sonho a Mais'

As mãos que criam, criam o quê?
O rendedê e o ponto-cruz são os pontos de bordado mais utilizados pelas artesãs que herdaram de suas mães a arte e o gosto pelo ofício. Ambas são técnicas de contornos geométricos realizadas sobre bases de tecido com trama aparente, como linho, linhão e etamine.
O rendendê carrega em seus padrões a origem nórdica, com formas bordadas em pontos cheios deixando pequenos espaços vazados, dos quais o tecido é recortado com auxílio de uma pequena tesoura, restando abertos.
Já o ponto cruz possui esse nome por ter pontos que imitam pequenas cruzes, o que permite a contagem dos pontos, que agrupados formam desenhos. A gradação de cores é o que confere volume às composições.
Os produtos que surgem desse trabalho são caminhos de mesa, lenços, toalhas para bandejas, jogos americanos, guardanapos, cortinas, entre outras coisas.
Quem cria?
As bordadeiras de Sítios Novos tinham um sonho: há muito alimentavam a esperança de um dia ter sua própria loja de bordados para que pudessem divulgar sua arte e aumentar a comercialização. Em uma tarde quente de dezembro de 2001 este sonho começou a ser construído, e, durante dois anos, o grupo se reuniu diariamente para fazer desse sonho uma concreta realidade. Através do Projeto Sítio dos Bordados, da Artesol, as artesãs participaram de várias oficinas de associativismo, melhoria da técnica, gestão de produção e comercialização, melhoria de produtos. Conseguiram inovar e tornar ainda mais bela uma das mais tradicionais técnicas artesanais do baixo São Francisco: os bordados redendê e ponto-cruz. Inovaram essa tradição sem, contudo, alterá-la no que há de essencial: seu enraizamento nos modos de vida de quem a produz. Ao mesmo tempo em que aprimoravam esta arte de fazer, exercitaram práticas sociais de organização produtiva que resultaram na formação da Cooperativa das Bordadeiras de Sítios Novos ‘Um Sonho a Mais’. O nome, escolhido pelo grupo, exprime o sentimento do sonho alcançado, com esforço, dedicação e solidariedade, na difícil e complexa tarefa de tornar autossustentável uma organização social de produção artesanal.
A história iniciada há quase duas décadas é de luta, resistência e paixão pelo ofício; de reconhecimento da relevância econômica, cultural e social do trabalho. Por dificuldades de acesso a um mercado justo que absorva essa produção tão rica e especializada, o número de bordadeiras vem diminuindo ao longo dos anos. Essa é uma questão destacada por Vânia, que integra o grupo desde a fundação.
Onde criam?
Localizado na Microrregião Sergipana do sertão do São Francisco, Poço Redondo é um dos municípios de maior expressividade cultural da região. Suas manifestações populares, como a “Cavalhada”, são conhecidas em toda a região. Também sua produção artesanal é bastante variada, incluindo o tradicional bordado “redendê”, a escultura em madeira e o trançado com fibras de caroá.
Além disso, foi às margens do Rio São Francisco que os cangaceiros fixaram estada e foram acobertados pela população por mais de 10 anos - de 1929 a 1938. Na conhecida Grota do Angico, território de Poço Redondo, que Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros foram mortos em 1929. Por conta disso a cidade é conhecida como Capital do Cangaço e recebe milhares de turistas do Brasil e do mundo interessados em conhecer de perto essa história.
Com uma população de 34.147 habitantes, o município tem inúmeros atrativos turísticos. Além da paisagem garranchenta da caatinga banhada pelo ilustre São Francisco, tem a Serra da Guia, cachoeiras, furnas, piscinas naturais, sítios arqueológicos e paleontológicos.
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