Entre Rios/BA

O trançado de piaçava de Porto de Sauípe, litoral norte da Bahia, faz arte de uma longa convivência desta comunidade com o meio-ambiente, representada na coleta de matérias-primas regionais, no tingimento com corantes naturais e nas formas criativas dos desenhos.

Tema: Trançado e Cestaria - 1999 | 2002-2003

Cidade: Entre Rios/BA

Duração: 2 anos

Artesãos Beneficiados: 42

Gênero: a maioria mulheres

 

O trançado de piaçava de Porto de Sauípe, litoral norte da Bahia, faz arte de uma longa convivência desta comunidade com o meio-ambiente, representada na coleta de matérias-primas regionais, no tingimento com corantes naturais e nas formas criativas dos desenhos.

Ofício fundamental para complementar a renda familiar de uma comunidade de pescadores, este produto artesanal resulta de um trabalho coletivo de artesãos que trançam e costuram, mostrando que é possível sobreviver com dignidade e respeito às pessoas, à tradição e à natureza. O processo que envolve a produção de uma simples bolsa pode ser visto como um micro-cosmo da visão de mundo local. A confecção de um produto mobiliza grupos de mulheres para a coleta da matéria-prima em lugares afastados, a secagem, o tingimento, o desfiamento da palha, o trançado e a costura final.

Essas atividades propiciam a convivência e a solidariedade entre os grupos de mulheres como forma de respeito à comunidade e exercício de cidadania.

O Projeto Trança do Mar foi desenvolvido com 47 pessoas ligadas à Associação de Artesãos de Porto de Sauípe, que tradicionalmente trançam em palha de piaçava.

“Este é o resultado da construção da Associação dos Artesãos de Porto de Sauípe, o início de um novo olhar e de uma forma nova, porém antiga, de ligar o homem a si mesmo, aos seus semelhantes e à natureza que sempre lhe deu o sustento.

Despertar a consciência sobre o valor intrínseco de cada gesto artesanal e de seu significado cultural, espiritual e econômico, compreender a necessidade de se unir e aperfeiçoar a qualidade, para não perder a própria identidade, manter o respeito e o justo manejo dos recursos usados, lutando pela sua preservação: foi assim que se conquistou o direito de participar de forma mais justa dentro da grande transformação que aconteceu dentro, fora e ao redor das pessoas desse Porto trançado de mar e de rio.

A intenção de todos aqueles que se envolveram na materialização dessa ideia de crescimento consciente, que começa pelas mãos e vai se estendendo ao pensamento, é formar um equilíbrio, uma justa proporção entre o dar e o receber, o ser e o estar e, no respeito do que foi e do que será, mudar, mantendo a memória, o orgulho e a dignidade do que se é.”

Marcella Ferri (Coordenadora da APSA)

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