
Francisco Rosa dos Santos
As mãos que criam, criam o que?
Foto Helena Kussik
Os sinaleiros do vento são bonecos cinéticos entalhados em madeira, como araucária, quiri e cedro rosa. Os instrumentos que utiliza são os mesmos que seu pai utilizava: faca, facão, machadinha, serrote, lixa e por último o pincel que espalha as cores nos bonecos. O movimentos dos bonecos é garantido a partir da montagem com arame, uma técnica que Laurentino criou e ensinou a Francisco.
Os bonecos que se movimentam com o vento retratam diferentes personagens e figuras do imaginário brasileiro, como jogadores de futebol, soldados, cangaceiros, indígenas e pássaros. Francisco seguiu também com o costume de seu pai que enfeitava seus bonecos com o símbolo da estrela de Davi, um hexagrama (estrela com seis pontas), imagem presente no cemitério Israelita Santa Cândida, em Curitiba, onde vendia pipocas.
Quem cria?
Foto Helena Kussik
Francisco Rosa dos Santos (1967) desde muito pequeno aprendeu a criar bonecos voadores, com o seu pai “seu” Laurentino Rosa dos Santos (1937-2009) que aos 7 anos de idade começou a fazer suas criações com madeira, inventando um boneco com asas. Aos 8 anos, o seu pai, o avô, que Francisco não chegou a conhecer, faleceu. Ele fabricava cestos e violinos, deixando ao filho o gosto por criar universos com as mãos.
Laurentino Rosa dos Santos por muitos anos alegrou a cidade de Curitiba com o seu carrinho de pipocas cheios de “sinaleiros do vento”, ou “homens cataventos", como ficaram conhecidos os bonecos voadores. Suas criações voaram pelo país e pelo mundo, sendo um dos símbolos do Paraná. A cidade de Curitiba, onde viveu grande parte de sua vida, abrigou um exemplar gigante de “homem-catavento” durante duas décadas, no Alto da rua XV, até se desintegrar, por falta de cuidados.
Laurentino teve 12 filhos e passou para alguns deles o seu conhecimento. Hoje, Francisco é o único que segue ativo, mantendo viva a arte do pai que encantou tantos corações. Ele começou a aprender, aos 8 anos, ajudando o pai na fabricação dos bonecos. Com 12 anos já fazia as suas próprias peças e acompanhava o pai nas feiras de artesanato.
Por um tempo teve que parar com seu trabalho por conta de um poblema de saúde, chegando a ficar internado em um hospital por vários meses. Os médicos lhe disseram que viveria até os 21 anos, somente, mas não foi o que aconteceu. Ele sobreviveu e hoje está com 53 anos. Não quis se casar nem ter filhos, e mora em um terreno deixado por herança dos seus pais.
Onde cria?
Foto Helena Kussik
Fundada em 1693 como um pequeno povoado bandeirante, Curitiba tornou-se uma importante parada comercial e em 1853 veio a se tornar a capital da recém-emancipada Província do Paraná. A etimologia de seu nome é um tanto controversa, porém há quem diga que a origem é do tupi - “Ku’ri”, que significa “pinheiro” + “tuba”, um sufixo coletivo que tem como significado “pinho, pinhal”. É a terra de muitos pinheiros, a araucária, árvore símbolo do estado.
A capital tem sua população de quase 2 milhões de habitantes formada por diversas origens e etnias, dentre elas destacam-se a polonesa e ucraniana. O estado do Paraná tem a maior comunidade Ucraniana e Eslava do país e Curitiba tem a segunda maior diáspora polonesa no mundo, perdendo apenas para Chicago.
Principalmente a partir da década de 1980, Curitiba experimentou diversos planos urbanísticos tornando-se conhecida internacionalmente por suas inovações urbanísticas e cuidado com o meio ambiente.
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