
Associação dos artesãos de Riachinho ATESER (Central Veredas)

As mãos que criam, criam o que?
As fiandeiras recebem o algodão descaroçado e prensado do município vizinho e iniciam o processo de fiação na roca de madeira com pedal. Produzem fios padronizados em três espessuras: fino, médio e grosso que são repassados em novelos para a central de tingimento em Uruana e depois voltam às tecelãs e crocheteiras.
O Xinil, um dos principais produtos das tecelãs, tem uma origem interessante e renovou-se com o passar do tempo. Conhecido também como coxonilho, originalmente era utilizado sobre a sela do cavalo. O tecido grosso e felpudo passou do lombo dos animais a enfeitar as casas por aí. A técnica conhecida pelas tecelãs de Riachinho consiste em tecer, no tear de pedal, utilizando um cano cilíndrico para enrolar os fios da trama, que depois de tecidos são cortados ganhando volume. Os tecidos batidos lisos, listrados e com padrões xadrezes vazados também são produzidos pela associação, utilizados como mantas e xales.
Além das fiandeiras e tecelãs a associação conta também com um número crescente de bordadeiras que criam com pontos e cores ricas representações da fauna e flora do cerrado mineiro.
Quem cria?
Foto: Caio Ramalho / Divulgação: Flávia Aranha
A Associação das Artesãs Tecelagem do Sertão de Minas Gerais foi fundada em 2003 para integrar o polo de produção têxtil "Central Veredas". As ações formativas junto a comunidade Riachinho começaram em 2002. As artesãs receberam capacitação nas técnicas artesanais, aprimoramento do produto, formação de preços, organização do trabalho e associativismo.
A matéria prima utilizada é o algodão, a associação hoje é formada por 18 mulheres. O grupo vem mantendo a tradição do artesanato repassando o saber para as novas gerações.
A Associação de Artesãos de Riachinho integra a Central Veredas, organizada em Rede Solidária compreende outros 9 núcleos de produção instalados nos municípios de Arinos, Natalândia, Bonfinópolis, Buritis, Sagarana/Arinos, Serra das Araras/Chapada Gaúcha, Uruana de Minas, Barra do Pequi e Urucuia. Com a participação solidária de artesãos, constituiu parcerias para consolidar a sua estrutura e fortalecer os núcleos, garantindo-lhes acesso ao mercado, qualificação, aplicação de preços justos, divulgação dos produtos artesanais, fruto do trabalho de aproximadamente 146 associados, exercendo sua defesa socioeconômica e ambiental combatendo os trabalhos escravo e infantil e promovendo a igualdade de gênero.
Onde Criam?
Riachinho é um município jovem no Noroeste de Minas Gerais, com pouco mais de 8.000 habitantes. Passou, como boa parte do municípios limítrofes localizado no Vale do Urucuia, por um processo de criação de assentamentos rurais como resultado das políticas da reforma agrária. Esses espaços são de grande relevância na região, dado que a maioria da população reside em assentamentos rurais e tem na agricultura e no artesanato as principais fontes de renda.
O cerrado, a mata seca e as veredas são os grandes protagonistas do cenário paisagístico da região, sertão do noroeste mineiro, e que trazem aos sertanejos importantes possibilidades de sustento, como os buritis, palmeira típica das áreas de vereda. Muitas veredas têm desaparecido com o aumento do desmatamento e o uso abusivo da água pelo agronegócio, o que tem impactado, por exemplo, o plantio do algodão crioulo, do qual viviam várias famílias. O incentivo, nesse sentido, ao artesanato na região como possibilidade econômica, estimula a produção do algodão, e também levanta a urgência de um debate responsável em torno do agronegócio, e de medidas mais eficazes para o controle ambiental da região.
Rede nacional do artesanato
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