
COPARTT - Cooperativa de Artesanato do Trançado Tupinambá
As mãos que criam, criam o que?
“Tiro a palha nas palmeiras que minha avó tirava.”
Joelma Silva, artesã.
As peças da Copartt são trançadas com técnicas centenárias dos índios tupinambás, que já habitaram a região. Desses povos nativos as artesãs herdaram o ritual de colher a palha de piaçava, tratar, tingir a fibra e criar artefatos cotidianos versáteis. Hoje, as peças têm um trançado mais fino do que os objetos indígenas e variam de acessórios de moda e objetos de decoração com um design contemporâneo e cores vivas que que referenciam as paisagem tropicais onde são criadas - um dos trechos mais paradisíacos do nordeste brasileiro. Entre os principais objetos da coleção batizada “Cá e Lá” estão bolsas, cestos, esteiras, chapéus pulseiras, jogos americanos, chaveiros, clutches, entre outras peças. A piaçava é retirada das palmeiras da região, em um processo cuidadoso que respeita a vegetação e preserva o replantio. Dessa forma, a cada 3 meses, novas folhas nascem e estão prontas para utilização.
Quem cria?
Cerca de 300 artesãs reunidas em torno de oito associações no total atuam com a produção do chamado “trançado tupinambá. Elas cresceram entre as matas e os rios, as areias claras da praia ponteada por coqueirais, as águas mansas do mar esmeralda, fazendo o trançado com as técnicas que aprenderam com mães, avós ou vizinhas. Costumavam comercializar as peças para turistas no comércio local, mas, em 1998, o Artesanato Solidário/ArteSol passou a apoiar a Associação de Artesãos de Porto de Sauípe com um projeto de resgate e valorização do artesanato de tradição para fortalecer a associação e melhorar a comercialização. 2008, as artesãs passaram por um processo de capacitação do Programa do Sebrae “Talentos do Brasil” em parceria com o designer Renato Imbroisi. O foco era ampliar o acesso das comunidades ao mercado nacional através de melhorias nos produtos e um programa amplo de divulgação. Hoje, a Cooperativa fornece peças para grandes redes como a Tok&Stok e atende eventuais pedidos de grandes marcas, embora ainda enfrente desafios para conseguir recursos para propiciar uma renda regular para as artesãs.
Onde criam?
Crédito: Lucas Cuervo
Na linguagem dos índios Tupinambás que habitaram a região há 600 anos, Sauípe significa lugar de muitas famílias. Estudos arqueológicos em mais de 50 sítios da região indicam a presença de pelo menos três povos antigos que viveram ali: caçadores nômades, povos da cultura Aratu e índios Tupinambás, com quem nasceu a tradição do trançado de palha da palmeira piaçava.
Essa chamada Costa do Sauípe fica no litoral norte da Bahia e abrange a Área de Proteção Ambiental Litoral Norte. Ali, mais precisamente entre Entre rios e Mata de São João vivem e trabalham as artesãs que integram a Copartt em meio a um cenário inspirador. Uma das principais referências da paisagem é o Rio Sauípe, que nasce ao sul da cidade de Entre Rios e escorre 80 km em direção ao mar cercado de mata ciliar com árvores frutíferas que se encarregam de atrair uma gama variada de aves. Na outra margem, está um denso manguezal e mata de restinga. Chegando à costa, as águas doces se misturam ao Atlântico em meio a praias emolduradas por densos coqueirais. Desde o ano 2000, a implementação do complexo turístico Costa do Sauípe com cinco resorts no município de Mata do São João tem alterado bastante a dinâmica da região. Ainda assim, boa parte dos moradores segue vivendo de atividades tradicionais como o artesanato, a agricultura de subsistência e a pesca.
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