Povo Indígena Guarani Mbya

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As mãos que criam, criam o quê?

Ajaka para, como são chamados balaios com grafismos na língua Guarani Mbya, são objetos de uso cotidiano que além de armazenar alimentos, carregam em sua trama o conhecimento ancestral do povo Guarani, que habita a região da Mata Atlântica meridional em aldeias desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul. 

A confecção dos ajaka para costuma ser conferida às mulheres e segue um longo e intrincado processo que vai desde a escolha e colheita da matéria prima, passando por seu preparo, trançado e acabamento. 

A colheita da taquara, realizada na lua minguante somente em dois períodos do ano, é geralmente realizada pelos homens. No mesmo dia da colheita é preciso raspar a primeira pele da planta com uma faca bem afiada. Assim, retira-se assim a camada verde intensa revelando o tom amadeirado da taquara. Após a raspagem, a haste é feita em finas tiras que, para manter a qualidade da peça, devem ter tamanhos muito semelhantes. O tom escuro que contrasta revelando os padrões da trama é decorrente do cipó imbé, do qual se utilizam as raízes aéreas para o trançado. Para sua preparação é preciso deixar de dois a três dias de molho, depois raspar a casca assim como se faz com o bambu e por fim cortar as tiras com tesoura. O processo de trançado é iniciado logo após esse preparo, pois só é possível com a maleabilidade das tiras. 

Os desenhos geométricos, chamados de para transmitem a relação com a natureza e o sagrado. Baseados no contraste entre o claro da taquara e o escuro do cipó imbé, derivam de dois tipos básicos: ipara rytxy  confeccionado em fileira ou linha reta e ipara pirárãinhykã feito em diagonal. Com isso, as variações de desenhos são inúmeras, dependendo do tipo, tamanho e uso dos cestos trançados.

Na última década, as técnicas e saberes ancestrais, como a confecção dos ajaka, vêm sendo retomadas através de pesquisas e oficinas locais, fortalecendo as tradições e valorizando os conhecimentos e a cultura Guarani. 

 

Quem cria?

No território Tenonde Porã, composto hoje por 8 aldeias, o artesanato tradicional e contemporâneo, que utiliza em sua confecção matérias primas sintéticas, compõem a renda da população de mais de 300 famílias. 

Contudo somente um pequeno número de pessoas, em torno de 40 artesãs e artesãos, que produz o artesanato tradicional com técnicas aprimoradas, como os ajaka para. A técnica do trançado, mais especificamente, é dominada por cinco pessoas no território, tendo Poty Justina e Ara Florinda como as principais representantes. 

Já foram contempladas em alguns editais estaduais e municipais para desenvolverem seus projetos relacionados ao artesanato tradicional guarani e tiveram suas peças expostas no ano de 2019 na exposição Entre Meadas realizada no Sesc Vila Mariana com curadoria de Adelia Borges.

 

Onde criam

Após mais de 30 anos de luta, em 2016 o território teve seus limites aprovados com a publicação da portaria declaratória TI Tenondé Porã (Portaria MJ/GAB nº 548). Localizada no extremo sul do município de São Paulo, a terra indígena Tenonde Porã tem uma extensão de aproximadamente 15.969 HECTARES. É composta por 8 tekoa, que os não indígenas conhecem como aldeias, onde vivem hoje cerca de 1.500 pessoas. 

Com uma equipe de liderança descentralizada, o que garante uma maior representatividade e segurança, o papel do coletivo é central em Tenondé Porã. Além disso o conselho guarani segue em diálogo com outros movimentos sociais do município e estado de São Paulo. 

Como uma forma de fomentar o intercâmbio cultural, dando visibilidade e fortalecendo a presença Guarani no estado, foi elaborado em 2018 Plano de Visitação da Terra Indígena Tenondé Porã após inúmeros estudos e oficinas. Com isso busca-se garantir que as atividades ligadas ao turismo respeitem os direitos territoriais, assim como seus usos, costumes e tradições.

 
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