
Associação Comunitária das Mulheres Artesãs de Itaiçaba

As mãos que criam, criam o quê?
O desenvolvimento de uma técnica inicia-se pela observação de mecanismos já existentes, e neste processo a natureza é reconhecida como fonte de inspiração para as maiores inovações humanas. Os trançados em fibras naturais são um grande patrimônio do nosso país, pois os conhecimentos contidos nos fazeres e usos desenvolvidos pelos povos originários são fundamentais para entendermos as tramas que os envolvem.
Reconhecemos essa memória no trabalho com a carnaúba, palmeira abundante na região de Itaiçaba CE. As técnicas de beneficiamento da fibra e trançado de suas palhas são ancestrais; memória dos antepassados é passada de geração em geração através da prática, do gesto, da palavra.
A matéria prima utilizada é retirada do olho da carnaúba, parte central da folhagem, com uma taboca de 9 metros de altura, esse corte acontece de julho a dezembro. Sem o talo, as folhas são postas ao sol para secar por quatro dias e envoltas em pano úmido para manterem-se maleáveis. A fibra pode ser tingida com anilina das mais diversas cores, depois disso é riscada, ou seja, passa pelo processo de retirada do fino talo da folha e preparada para o trançado. Além do artesanato, das folhas da carnaúba também é retirado o pó que dá origem à cera, comercializada em todo país.
A atualização das formas é constante e muito ligada aos diálogos com o mercado. Peças utilitárias ganham tamanhos e usos diferentes de acordo com os costumes do local onde estão inseridas. Assim surgem cestos, pãezeiras, fruteiras, bolsas, carteiras, jogos americanos, mobiliários, brinquedos, etc.
Quem cria?
A Associação das Artesãs de Itaiçaba, hoje com 20 artesãs na atividade, foi criada em 1998 e serviu para organizar e apoiar o trabalho desenvolvido por várias mulheres do Município. No início, o grupo produzia vassouras e chapéus comercializados em todo país, porém com o fortalecimento do grupo e apoio de órgãos como Sebrae e Ceart tiveram novas oportunidades. Desenvolvendo produtos diferenciados, de elevada qualidade técnica, alcançaram novos mercados e expandiram seus conhecimentos.
Onde criam?
No imenso vale do rio Jaguaribe, de águas fartas e chão pedregoso, formou-se o lugarejo conhecido como Passagem de Pedras, até 1938 pertencente ao município de Aracati. No mesmo ano em que o distrito passa para a jurisdição do município de Jaguaruana tem seu nome alterado, traduzido para tupi guarani passa a chamar-se Itaiçaba. Em 1956 conquistou liberdade administrativa tornando-se município de Itaiçaba.
A 166 km da capital Fortaleza, na microrregião cearense denominada Litoral de Aracati, a paisagem é composta por incontáveis carnaubeiras, de muita relevância para a cultura local. É das palmeiras que provém o sustento de inúmeras famílias da região que têm o artesanato ou beneficiamento da cera como principais atividades econômicas.
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