
Palma Barroca

As mãos que criam, criam o quê?
Palma Barroca é como são conhecidos os arranjos florais confeccionados em diversos materiais, como papéis, tecidos e, o mais conhecido deles em Sabará, as chapas metálicas banhadas a ouro.
Herança portuguesa, chegou ao país no século XVIII, instalando-se na região mineira no mesmo período de formação de suas cidades barrocas. O conhecimento repassado ao longo dos séculos por mãos de habilidosos artesãos resistiu em Sabará e nos anos de 1980 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, por meio do Museu do Ouro, resgatou definitivamente essa tradição.
Em 1998, uma parceria entre a Secretaria de Cultura do Estado, a Prefeitura Municipal de Sabará, a escola de arte Abapuru do artista plástico George Helt, com recursos do Fundo do Amparo ao Trabalhador – FAT, contribuiu para introduzir e desenvolver a nova técnica de palmas barrocas feitas em metal e banhadas a ouro. Uma inovação que acabou por se tornar a identidade do artesanato produzido no município.
No ano de 2012 o Modo de Fazer da Palma Barroca de Sabará foi registrado pela Prefeitura Municipal de Sabará-MG por sua importância cultural para a cidade.
O processo de fabricação da palma barroca consiste em aquecer a lâmina de cobre ou latão na chama do fogão para que fique mais maleável, cortar com auxílio de pequenas formas com laterais afiadas, refilar com a tesoura, frisar as folhas e bolear as folhas com auxílio de ferramentas específicas para o ofício. As flores mais comuns são a camélia, margarida e hortência. Com os cortes e relevos definidos, o material recebe um banho de ouro ou prata, cada folha e flor é finalizada para a montagem da palma. O formato triangular é reconhecido, pois a Palma tem o modelo de uma mão espalmada, mas cada artesã tem um estilo único de trabalhar, criando verdadeiras obras de arte.
Quem cria?
Em meados dos anos oitenta a cidade vivenciou o resgate da tradicional técnica de construção da Palma Barroca e, mais tarde, ao passou por processos de criação e inovação. Desde então, mais de 50 artesãos, em sua maioria mulheres, dedicam-se à produção. Cada uma imprime identidade ao arranjo, tendo expressões únicas na composição e montagem.
A artesã Hercília Batista, servidora do Museu do Ouro, dedica-se à essa arte há mais de trinta anos, tendo recebido o certificado de artesanato de tradição por excelência da UNESCO. Repassa essa técnica em oficinas, com o intuito de preservar e manter viva a tradição.
Onde cria?
O município localizado na região metropolitana da capital mineira conserva em suas ruas, monumentos e arquitetura, muita da história de sua edificação. A formação da cidade está intimamente ligada à exploração do ouro, iniciada no século XVII.
O Museu do Ouro, fundado em 1946, reconta um pouco dessa história em registros, objetos de época e equipamentos. Instalado em um edifício do século XVII que já abrigou a Antiga Casa de Intendência e Fundição, onde era feita a cunhagem e a tributação do ouro, hoje funciona como local de memória.
O resgate da técnica da Palma Barroca e inovação no uso de materiais metálicos, registra essa história na produção cotidiana de inúmeras artesãs e artesãos, que encontram no ofício uma conexão profunda com essa riqueza local.
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