
Tecendo História

As mãos que criam, criam o que?
E não entrançasse unicamente esteira e cesto
Mas seu humano casamento com a terra"
O milho que cresce na plantação é alimento dos animais da criação e fonte da matéria prima do artesanato produzido pelo grupo Tecendo Histórias. O que antes era resíduo, passou a ser aproveitado com o saber técnico desenvolvido ao longo de gerações. A avó e a mãe das atuais artesãs produziam objetos utilitários como caixas e cestos utilizados na roça. Com o tempo, a técnica avançou e conversou com o design, apresentando novas possibilidades de produtos como chapéus, acessórios e bolsas com um desenho contemporâneo, mas sem perder a identidade local e as histórias da serra paranaense.
Para o artesanato a espiga de milho já deve estar seca, mais de um mês depois de colhida. Nesse tempo, os grãos ganham uma tonalidade laranja, enquanto a palha perde o verde e empalidece. É preciso selecionar as palhas maiores e sem falhas e o material pode ser trabalhado na tonalidade natural, mas também tingido com corantes naturais da flora local ou sintéticos.
Quem cria?
Foto: Lucas Cuervo
O trabalho com a palha é ancestral, conhecido pelas gerações passadas como forma de produzir objetos utilitários para o uso na roça. A partir de 2005 o grupo em Cerro Azul organizou-se e começou a produzir cestos e chapéus para a venda. Em 2011, após inscreverem-se no Premio do Objeto Brasileiro do Museu A Casa, o grupo teve a oportunidade de desenvolver novas formas de olhar para o que já produziam. Com auxílio do designer Renato Imbroisi, desenvolveram uma linha de bolsas e chapéus com identidade local, remetendo desenhos e formas à fauna e flora local. Além disso, receberam treinamento com Hisako Kawakami em técnicas de tingimento natural.
Hoje, o Grupo Tecendo Histórias conta com 8 integrantes que produzem para lojas nos grandes centros nacionais e internacionais. Nos trançados as artesãs contam suas histórias, criando formas de relacionarem-se com o ambiente e com o conhecimentos que perpassa o cotidiano há muito.
Onde criam?
Crédito: Lucas Cuervo
A 92 km de distância da capital Curitiba, no Vale do Ribeira, encontra-se o município de Cerro Azul. O nome descreve sua paisagem, os cerros cobertos de mata atlântica, de tonalidade azulada, que circulam o território. Conhecida também como Terra da Laranja, colore-se de maneira especial na época da safra: o verde das folhas contrasta com o amarelo intenso dos frutos.
O município de 16.948 habitantes (IBGE2010) tem a agropecuária como principal fonte de renda dos habitantes. Foi do resíduo dessa produção, nas horas vagas, que se desenvolveu o artesanato em palha de milho, criciúma e bambú tão característico da região.
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