Vicentina e Juliana Julião

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As mãos que criam, criam o que?

A madeira, como o cedro e maçaranduba, é a matéria-prima, a tela em branco, usada pela família Julião. Cada irmão foi desenvolvendo seu próprio estilo, sua própria forma de se expressar através do entalhe. Dentro da mesma arte da madeira, cada um seguiu um ramo, um estilo próprio. Itamar gostava de fazer grandes obras, quanto maiores as peças que ele fazia mais alegre ele ficava. Seu irmão Antônio gosta de contar histórias nas suas esculturas, e sua irmã Vicentina se atenta aos detalhes. Suas peças, mandalas, painéis e esculturas de animais e árvores são bem delicadas. 

E Juliana de Fátima da Fonseca, também conhecida como Juliana Julião, filha de Vicentina, sente que mistura um pouco do temperamento de cada um. Juliana cresceu em uma casa que recebia estrangeiros e gente de diferentes lugares do Brasil que chegavam para conhecer Itamar e os irmãos e comprar suas peças. Esse contato com pessoas tão diversas influenciou muito a sua percepção de mundo.

Quem cria?

A história de Vicentina Julião e de sua filha Juliana Julião dentro do artesanato e da arte popular começa com Antônio Julião que fazia cabeças de arreio para selas de cavalo, em madeira, que vendia na selaria da cidade de Prados. Seus filhos, José e Pedro, por sua vez, também seguiram o ofício da família, passando para os próprios filhos o gosto pela madeira. Foi então que Itamar de Pádua Lisboa (1959-2004), conhecido como Itamar Julião, reinventou o saber familiar, desenvolvendo a sua própria expressão artística. 

Itamar e seus irmãos cresceram vendo o pai entalhando a madeira e a mãe, Francisca, fazendo brinquedos de barro que os divertiam. Desde cedo aprenderam a fazer seus próprios brinquedos. Um dia, capinando na horta, Francisca encontrou um galho de limeira que naturalmente formava uma cruz e entregou para Itamar. Itamar, então, esculpiu a imagem de Jesus crucificado e a levou para a comunidade.

Todos ficaram impressionados com a imagem, pois ninguém na comunidade tinha realizado algo parecido. Itamar, então, começou a esculpir imagens de santos diversos. Um dia, o circo chegou à cidade de Prados e Itamar ficou encantado ao ver ao vivo um leão. Voltou para casa e entalhou o animal e a partir daí passou a entalhar animais, como macacos e pássaros, no entanto o leão se tornou a sua principal temática.

Itamar Julião ensinou a todos os irmãos, Vicentina, Antônio, José e João, entre outros, além dos primos e vizinhos, a arte de entalhar a madeira, recriando as formas da natureza. Itamar faleceu aos 45 anos, deixando um rico legado para a sua família e toda a comunidade. Hoje, mais de 700 famílias atuam no setor do artesanato em madeira, fazendo de Prados uma cidade conhecida por seus artesãos e artistas.

Onde cria?

Situada na região de Campos das Vertentes, a cerca de 190 km da capital mineira, Prados é uma cidade do período colonial que conserva belas e antigas construções do século XVIII. Sua fundação se dá no período da mineração no vale do Rio das Mortes. Assim como São João Del Rei e Tiradentes, que estão próximas a Prados, uma característica marcante da cidade são as ruas tortuosas, os casarões e as igrejas coloniais da época do circuito do ouro. 

Com uma grande diversidade de flora e fauna, a Serra São José, que hoje é uma Área de Preservação Ambiental (APA), marca a paisagem da região, além do cerrado, da mata atlântica e dos campos rupestres. O município compõe a rota turística da Trilha dos Inconfidentes, inclusive conta-se que ali viveu a mulher considerada como a mais atuante no movimento da Inconfidência Mineira - a rica pradense Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, mulher do inconfidente Francisco Antônio de Oliveira Lopes.

Desde a década de 1960, com a família Julião, Prados tem ficado conhecida pelo artesanato e a arte popular em madeira. Além disso, também é marcante na região as festas populares e religiosas, como o Boi Mofado, a Semana Santa, a Festa do Pradense Ausente e o Festival de Música.