Identificação
Título
Recife/PE
Assuntos
Duração
1 ano
Gênero
homens
Artesãos beneficiados
8 mestres
Descrição
Descrição curta
A reestruturação do trabalho desse grupo foi de suma importância para a continuidade do saber-fazer dos brinquedos populares, bem como para melhorar a qualidade de vida dos detentores daquele conhecimento.
Descrição completa
Há muitos anos, os artesãos de Recife produziam brinquedos em suas residências e os vendiam pelas ruas da cidade, nas portas de restaurantes, calçadas das praias, feiras livres, dentre outros locais.
Com o objetivo de provocar reflexões sobre a prática do brincar, bem como recuperar junto às crianças a memória lúdica de Recife, no ano de 1987 a Fundação Joaquim Nabuco iniciou o projeto Feira Atividades: Brinquedos e Brincadeiras Populares. Através desse projeto, os artesãos recebiam apoio na comercialização através de feiras, inclusive em outros estados, como Paraíba e Sergipe, onde além de vender seus produtos participavam também como oficineiros.
Apesar do grande apoio dado pelo MUHNE, eram evidentes a falta de oficinas que ajudassem os artesãos a melhorarem a qualidade de seus produtos, a necessidade de vendas mais freqüentes independentes de eventuais feiras, o pouco espírito empreendedor e, acima de tudo, a ausência da valorização do trabalho coletivo.
Os mestres artesãos faziam seus trabalhos sem muita noção acerca das necessidades do mercado consumidor, bem como sem parâmetros para estabelecer o valor de seus brinquedos. Esta problemática fica clara no depoimento do artesão Saúba: “Saio para rua com uma caixa na cabeça cheia de borboletas de madeira; se chega uma pessoa com uma voz cantada, cobro R$3,00, se é uma pessoa de voz enrolada (estrangeiros) vendo por R$5,00, se é alguém daqui mesmo, vendo por R$1,00 e se for um bichinho pobre como eu, dou de graça, pois não gosto de ver os bichinhos tristes”.
Dessa forma, a reestruturação do trabalho desse grupo era de suma importância para a continuidade do saber-fazer dos brinquedos populares, bem como para melhorar a qualidade de vida dos detentores daquele conhecimento.
O projeto, iniciado em 2004, identificou um grupo de 8 mestres-artesãos residentes na região metropolitana do Recife e no município de Jaboatão dos Guararapes que desenvolvia diversos tipos de brinquedos com matérias primas variadas como flandres, madeira, tecidos dentre outros. Este grupo cresceu durante o desenvolvimento do projeto com a capacitação de 80 aprendizes da Vila Esperança e de outras comunidades também, que foram integrados por meio das oficinas de repasse do saber.
“Não me sentia como gente, não tinha amigos, nem tinha vontade de sair de casa. Hoje todo mundo me acha diferente, sou uma pessoa feliz e com vontade de viver. Quando me perguntam o que aconteceu, respondo: hoje faço parte de um grupo de artesãos, que acima de tudo são meus amigos”.
Edeilda, mestre-artesã do grupo