As mãos que ciram, criam o que?

A cerâmica criada pelos artesãos de Bonito (MS) retrata a natureza do Cerrado brasileiro através de peças utilitárias como pratos, copos, canecas, moringas, tigelas, vasos, além de esculturas decorativas. São objetos criados artesanalmente a partir de um ritual que envolve várias etapas misturando barro, água, fogo com muita paciência e precisão.

 A produção começa com a criação de moldes de gesso, preenchidos com barbotina (argila líquida). Depois da modelagem, as peças devem secar naturalmente para serem queimadas a uma temperatura de aproximadamente 900 °C. Na sequência, são esmaltadas e desenhadas com animais e flores da paisagem local. São diversas aves como o próprio udu-de-coroa-azul que inspirou o nome da empresa, além de tucanos, araras, siriemas, beija-flores, algumas espécies de peixes, entre outros bichos da biodiversidade encontrada no Mato Grosso do Sul. Após pintadas, as peças voltam para o forno, dessa vez, a uma  temperatura é mais alta: cerca de 1280 graus que  resulta em efeitos de cor que podem surpreender e trazem características particulares para cada peça. A temperatura alta de queima garante um produto refratário que pode ser levado ao forno.

Quem cria?

A Udu Cerâmica é uma empresa que nasceu com foco na criação de peças artesanais com identidade local para atender os turistas que passam pela cidade para explorar a natureza do entorno e também para a comercialização em todo o território nacional. Os artesãos que hoje trabalham na linha de produção da empresa são moradores da própria cidade e passaram por um processo de formação com o ceramista Schoici Yamada, que é uma referência nacional na produção de cerâmica autoral e comercial. A empresa conta com uma fábrica/ateliê no centro da cidade, onde se pode conhecer as fases de criação das peças. No mesmo espaço há uma loja para  a comercialização direta.

Onde criam?

O muncicípio de Bonito, onde a Cerâmica Udu nasceu e se consolidou, está fincado em um especial trecho do cerrado brasileiro na borda do Pantanal, exibindo uma paisagem natural incrível, repleta de nascentes, rios e cachoeiras. A área rural mistura trechos de vegetação nativa e muitas propriedades em processo de recuperação. São terras que foram exploradas por décadas para a produção de gado, mas hoje estão sendo reflorestdas e vivem a transição para uma atividade econômica que se revelou promissora na região: o chamado “turismo ecológico”. Essa transição acontece em dezenas de fazendas que, aos poucos, trocam a pecuária por atrações ecoturísticas - com destaque para a flutuação em rios inacreditavelmente transparentes, repletos de dourados gigantes, curimbatás, piaus e outros peixes do Pantanal.

O entorno exibe ainda a Serra da Bodoquena e suas montanhas de rochas calcárias, campos alagados, cerrado e um enorme trecho de Mata Atlântica. Essa natureza preservada  do etorno transforma Bonito em um refúgio de aves e outros bichos que são estampados na cerâmica da Udu.