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Modelando Histórias: O Legado da Arte Popular e a Autenticidade das Crianças

Após visita de educadoras da Escola THEMAeducando à Exposição-Feira Arte dos Mestres, equipe propôs atividade para as crianças inspirada na obra do artista Cláudio das Miniaturas. Dinâmica aconteceu como parte do projeto Artefatos da Infância, que convida as crianças a explorar a argila como matéria e como linguagem de expressão.

Kristiane Barbarini

18 de outubro de 2024


 

O artefato da infância é a manifestação das primeiras construções de crianças no mundo. É por meio das mãos que moldam, dos dedos que amassam e das ideias que ganham forma na matéria que a criança começa a dar vida ao que imagina. Esses primeiros gestos, que transformam argila, madeira, papel ou qualquer outra matéria em algo concreto, conectam as crianças com uma tradição ancestral. Na infância, o artefato nasce da curiosidade, da descoberta e do desejo de contar histórias e imaginar mundos possíveis, assim como os grandes mestres artesãos que, ao longo dos tempos, também deram forma ao cotidiano, deixando uma herança que se comunica com o presente, unindo passado e projetando futuro.

Na escola THEMAeducando, esse conceito ganha vida com o projeto anual de 2024 – Artefatos da Infância – e com a publicação – Feito Terra – que convidam as crianças a explorar a argila como matéria e como linguagem de expressão e conexão com suas histórias pessoais e a tradição cultural. As crianças de 6 a 10 anos, tiveram contato com as obras de Mestre Vitalino, um dos maiores expoentes da arte popular brasileira. Inspiradas por suas criações, elas investigaram, por meio da modelagem, cenas de seu próprio cotidiano — momentos que vivem e reconhecem, como brincadeiras, jogos de futebol, passeios com seus animais de estimação e estudos em casa. A beleza de suas presenças no mundo se revelava na argila, assim como Vitalino fazia ao contar as histórias de seu povo.

Modelando Histórias: O Legado da Arte Popular e a Autenticidade das Crianças

Contudo, foi após a visita de Ana Paula Borges, pedagoga e Kriss Barbarini, atelierista, à exposição Arte dos Mestres, – indicada por Renata Mendes, mãe de Martín, estudante da escola, que o projeto ganhou novas camadas de inspiração. A exposição foi organizada pela Artesol, no último mês de agosto, em São Paulo-SP e destacou a riqueza da arte popular brasileira. Na mostra, chamou atenção o trabalho minucioso de Cláudio Capela, um artesão em plena atividade, que encanta pelas delicadas criações. Essa experiência ampliou o repertório da equipe pedagógica e abriu novos horizontes para o fazer artístico das crianças.

Cláudio Capela na Exposição-Feira Arte dos Mestres. Fotos: Ricardo Carotta e Carla Labbate

Ao retornarem à escola, o catálogo da exposição foi apresentado aos grupos de crianças do 1º e 2º ano do fundamental, que observavam com olhares fascinados cada detalhe das miniaturas de Capela. “Como ele consegue fazer algo tão pequeno?”, perguntavam-se, enquanto visualizavam a delicadeza de suas obras. Esse fascínio logo se transformou em ação, e as crianças começaram a moldar suas próprias cenas em miniatura, desta vez inspiradas nos momentos do cotidiano na escola.

Elas recriaram momentos que vivem: rodas de conversa com a professora, aventuras no parque, os movimentos da capoeira, voos no balanço e até os encontros teatrais em que representavam personagens de lendas folclóricas. Essas cenas do cotidiano da escola, moldadas com inspiração e autenticidade, conectaram as crianças não só com suas próprias histórias, mas também com o legado artístico e cultural que faz parte da tradição brasileira.

O projeto de 2024, portanto, não apenas celebra a autoria infantil, mas também evidencia como a ampliação de repertório pode enriquecer e sensibilizar profundamente as aprendizagens. As criações em argila se tornaram uma ponte entre o que é vivido e o que foi construído por gerações de artesãos. Ao dar forma às suas histórias, as crianças, conectaram-se com a rica tradição da arte popular brasileira, onde contar histórias, revelar originalidade e preservar memórias é uma herança viva escrita no barro.

Martín ao lado de Josielton Sousa e Mestre Espedito Seleiro, na Exposição-Feira Arte dos Mestres. Fotos: Renata Mendes, mãe de Martín.

Agradecemos à equipe da ONG Artesol pelo incrível trabalho em dar visibilidade e valorizar o artesanato cultural brasileiro.

Imagens: Todas as modelagens foram feitas em pequenos grupos de crianças do 1º e 2º anos do Fundamental.

Sobre a escola


Fundada em 14 de agosto de 1984 em Campinas, São Paulo, a Escola ThemaEducando começou como um espaço dedicado à puericultura e, em 1991, evoluiu para a educação infantil. Em 2002, adotou o nome “THEMAeducando”, destacando sua visão humana, com foco na autonomia e no protagonismo infantil. Em 2015, a escola expandiu para o Ensino Fundamental, reforçando o compromisso com uma educação integral e participativa. Localizada em área urbana, com espaços integrados à natureza, promove um ambiente inclusivo e colaborativo, mantendo uma forte parceria com as famílias, sempre inovando na educação. themaeducando.com.br

Arte-educadora, atelierista do fundamental, apaixonada pelo imaginário infantil e apreciadora da arte popular brasileira.