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Mood junino: leve o espírito de São João pra sua casa

Diante de mais um ano de isolamento, porém, que tal trazer o espírito junino e julinos para dentro de casa, através de uma decoração que misture brasilidade, alegria e aconchego? Prepare também os quitutes caipiras e coloque o forró na playlist para animar seu próprio arraiá em família!

Vanessa Gomes

Camila Fróis


Fotos: Theo Grahl/Mombak

Praças cheias embaladas ao som da sanfona, comida típica, fogueira e quentão. Junho costuma transformar as acanhadas cidades do interior do Nordeste em majestosos cenários das festas de São João em homenagem à alma do homem sertanejo. Ou pelo menos costumava ser assim no mundo pré-pandêmico.

Originalmente portugueses, com alguns traços culturais franceses – como as quadrilhas – os festejos nasceram como uma “festa da colheita” onde agricultores europeus festejavam a safra, noite adentro, com muita fartura na mesa. A tradição foi definitivamente incorporada pelos brasileiros, especialmente no Nordeste, incluindo elementos autênticos das nossas manifestações populares, como a musicalidade do baião e a comida caipira. Mais do que isso, o São João passou a compor passagens significativas das nossas memórias afetivas, daquele lugar da infância com cheiro de milho cozido e som de biriba que estala no chão, ou mesmo das grandes quadrilhas dançadas com saia rodada e chapéu de palha nas praças, escolas e pátios das igrejas.

Pelo segundo ano consecutivo, porém, estamos privados dessa alegria das quermesses e arraiás espallhados pelo Brasil. Até que a vacina chegue para todos e nos devolva nossas mais alegres aglomerações, por que não festejar as delícias de junho na sua própria casa? Para te contagiar com o espírito de São João, fizemos uma curadoria de objetos brasileiros artesanais que vão criar um cenário inspirador para um pequeno arraiá.

Decore com palha, cerâmica figurativa e elementos religiosos

Use a abuse das cestarias e peças trançadas – elas estão em alta e podem ser das mais diferentes matérias-primas: fibra de buriti, de arumã, de carnaúba, bananeira, cipó e tantas outras. A simplicidade elegante das técnicas indígenas herdadas por tantos artesãos brasileiros que se faz presente nos cestos, balaios, peneiras, chapéus e outros adereços típicos garantem a brasilidade da festa.

Escolha também flores do campo pra alegrar a casa nessa época e compor o ambiente da festa. Elas fazem referência ao conceito original das festas juninas em que se celebravam as colheiras dos agricultores e podem ser arranjadas em balaios de palha ou vasos de barro. Para dialogar com a paleta terrosa dos vasos, aproveite as cerâmicas artesanias em tom natural para servir os caldos e docinhos.

Deixe as cores vibrantes para tolhas ou jogos americanos de fibras naturais que mostram que até a festa caipira pode ter um toque rústico chique. Também vale investir em um cantinho com os símbolos mais tradicionais da cultura nordestina. O artesanato de Caruaru, por exemplo, é um ícone. Além de ser um dos mais importantes polos de cerâmica figurativa do país, essa cidade do agreste pernambucano é também dona do maior São João do Brasil – que Campina Grande não nos ouça, porque a disputa é acirrada!

È de Caruaru, porém, que vem os famosos trios nordestinos, cangaceiros, retirantes e dançarinos de xaxado que representam tão bem a estética nordestina. Eles são moldados no barro a partir da tradição criada por Mestre Vitalino, um dos maiores artistas populares da nossa história, que ficou conhecido por criar figuras inspiradas nas crenças populares, no cotidiano, nos rituais e no imaginário da população do sertão brasileiro.

Em um arraiá tradicional vale ainda fazer referência aos elementos religiosos que vem das terras “além-mar”, onde nasceu a tradição junina. Santo Antônio, São João Batista e São Pedro são os protagonistas da festa, afinal. A fogueira também é parte dessa simbologia católica, pois representa o momento em que Isabel, mãe de João Batista cumpre a promessa de acendê-la para avisar a prima Maria (mãe de Jesus) sobre o nascimento do seu filho.

Recheie a mesa de iguarias de milho, amendoim e coco

Como em toda festa tradicional que surge na religiosidade, porém, o São João também incorporou a dimensão profana – com brincadeiras inventadas pelo povo que se misturaram aos elementos tradicionais. Além disso, um arraiá não tem graça se não tiver baião na vitrola e o famoso quentão exalando o aroma de cravo e canela pelo ambiente. Também não existe alegria verdadeira sem mesa farta. Antigamente, a festa junina era marcada por uma peregrinação onde os moradores passavam de casa em casa perguntando: “São João passou por aqui?” Em cada casa, havia uma mesa de comidas típicas à espera das visitas. Por isso, um legitimo festejo caipira precisa contar com um menu farto. O milho é carro chefe do cardápio: pode ser servido assado, cozido, no cuscuz, na canjica, na pamonha, na broa ou como pipoca. O amendoim também brilha no arraiá. Vale servir doce ou salgado, torrado ou misturado à mandioca – na tradicional receita de paçoca – ou ao melado, na forma de pé de moleque, sinônimo de iguaria junina em qualquer São João.

As delícias juninas ainda incluem o bolo de mandioca, popularmente conhecido por “mané pelado”, cuja a crença popular afirma que foi “batizado” em homenagem a um agricultor que colhia mandiocas nú, por pura superstição. Já o coco é o principal ingrediente do tradicional quebra-queixo. Os doces podem ser de todas as variedades: de leite, abóbora, jaca; batata doce assada na brasa da fogueira; pinhão cozido; arroz doce; queijadinha e outras variações culinárias, dependendo da região. Se a festa for numa casa de campo, não deixe de ascender a fogueira pra aquescer os corações!

Objetos de Cena: acervo @casadavila.com.br

Serviço


As matéria foi ambientada com peças das Lojas:

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Formada em comunicação com especialização em design e branding. Atuou como diretora de arte e idealizou a Casa da Vila, um projeto que buscou ressignificar os espaços e canais de comercialização da arte popular e do artesanato brasileiro ao longo de 13 anos. Integrou equipes em várias iniciativas alinhadas a esse propósito e atualmente se dedica a pesquisa, conteúdo, curadoria e interlocução junto a artesãos, artistas populares e comunidades nos diversos territórios brasileiros.

Camila Fróis é jornalista, dedicada a a cobrir pautas da área de cultura popular, meio ambiente e direitos humanos.