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O Ceará está transformando a cena do artesanato

O programa Ceart aposta no artesanato para fortalecer a identidade cultural do estado e impulsionar a economia criativa, através do apoio logístico e da criação de oportunidades de negócios para os mestres, artistas populares e artesãos

Tayana Moura


Da capital ao Cariri, o Ceará inspira criatividade e tradição cultural. Terra dos ícones Belchior e Patativa do Assaré, o estado nordestino também é berço de celebrados artesãos e artistas populares, com destaque para Espedito Seleiro, no couro, Maria de Lourdes Cândido, na argila, e Mestre Françuli, no artesanato de flandres, além dos discípulos do escultor Mestre Noza, que integram um importante polo criativo na região do Crato. .

Além deles, novos expoentes da produção artesanal surgem a cada ano, muitos deles impulsionados por uma iniciativa pública de referência, a Central de Artesanato do Ceará (CeArt), criada em 1979 pelo então governo estadual – e mantida até hoje – para a valorização do artesão, sua história, técnica, tradição e comunidade.

CeArt, catalisador do artesanato cearense no Brasil e no mundo

Atualmente, além de políticas afirmativas de valorização da atividade, a CeArt promove a compra direta dos artesãos e a justa comercialização dos produtos, certificados por uma curadoria com o Selo CeArt, ferramenta de Certificação da Autenticidade dos Produtos Artesanais e do reconhecimento das obras de arte popular cearenses.

Vinculada à Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) do Governo do Ceará, a CeArt exerce papel fundamental na capacitação dos artesãos e na exposição e comercialização dos itens produzidos no Estado.

Por meio da Central, o artesão tem acesso a serviços como cadastro para emissão de identidade artesanal, que garante isenção no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cursos e oficinas de qualificação, inovação e gestão, além da participação em feiras e eventos.

Desde 2020, artesãos residentes no interior também têm garantida a hospedagem gratuita na Casa do Artesão Cearense – Diomar Freitas Dantas, em Fortaleza, quando as viagens para a capital costumam ser necessárias.

Outro benefício para quem vive distante da sede do projeto é o CeArt Itinerante, que leva a diversos municípios serviços como cadastro e renovação de identidade artesanal, certificação de produtos, oficinas, palestras e exposição de itens artesanais de diversas regiões. Ao todo, 1.244 artesãos de 16 municípios já foram atendidos pela ação.

Mais do que incentivar, apostar no comércio justo

De acordo com Patrícia Liebmann, coordenadora de Desenvolvimento do Artesanato do Ceará, o selo estimula a elevação do padrão e a busca pela excelência, valorizando a tradição. Com isso, os produtos carregam garantia de qualidade, eficiência e responsabilidade social, tornando-se mais competitivos no mercado e com a marca do legítimo artesanato cearense.

Curadorias com produtos das mais diversas técnicas, tipologias e regiões podem ser encontradas em cinco lojas físicas no Ceará, distribuídas em praças, centros culturais, shoppings e aeroporto e em uma loja online, no endereço lojaceart.online. As feiras locais, nacionais e internacionais também servem de vitrine para o artesanato cearense.

“Todas essas ações contribuem para a sustentabilidade, competitividade, melhoria de renda e qualidade de vida do artesão, principalmente de mulheres, que constituem 80% dos artesãos cadastrados no Estado”, destaca a coordenadora.

Um legado para os artesãos e para a identidade cultural cearense

Para que tudo isso possa acontecer simultaneamente, é necessário o envolvimento de um time técnico com cerca de 80 colaboradores, divididos em áreas de Coordenação, Gestão, Eventos, Tecnologia, Comunicação, Marketing e Comercialização.

Em diversos momentos, a potência deste trabalho coletivo trouxe ganhos inestimáveis ao artesanato cearense. Como destaque, o reconhecimento de 16 Mestres Artesãos pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), do Ministério da Economia, entre eles Maviniê Mota (areia colorida), de Fortaleza, Raimunda Lúcia (renda), de Trairi e Maria Cleide dos Santos (renda de bilro), de Aquiraz.

A atuação da Central também foi responsável por levar as criações da rendeira de bilro de Trairi, Ana Maria da Silva, a 40º edição da Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde (FNA 2017), em Porto (Portugal), e por garantir ao xilogravurista Francisco Correia Lima (Francorli) participação na exposição ‘Bois Brésil’, realizada na França, entre 2018 e 2021.

Tantas conquistas fazem com que o PAB reconheça a CeArt como um dos melhores Programas Estaduais de Artesanato, pois promove a melhoria e o fortalecimento da produção artesanal e da qualidade de vida do artesão, através da sua inserção no mercado de trabalho. Além disso, o programa valoriza saberes e técnicas ancestrais a partir da preservação da identidade cultural própria e do estímulo à inovação e à sustentabilidade da produção.

De forma, geral, através de suas diversas frentes, a CeArt representa os esforços de uma gestão pública comprometida em apoiar e garantir a sobrevivência do artesanato, uma das mais valiosas atividades econômicas sustentáveis de promoção da cultura e combate à desigualdade social.

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Tayana Moura, alagoana, é jornalista, produtora de conteúdo e artista têxtil. Como boa entusiasta dos temas, adora ouvir e contar histórias sobre cultura, artesanato e arte popular brasileira.