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Os mini-barcos do Mamanguá, um segredo preservado no litoral fluminense

Do alto dos mirantes, a paisagem é de tirar o fôlego. Um longo braço de mar avança pela floresta em tons turquesas, cercado por muito verde ao redor. Na bela […]


Do alto dos mirantes, a paisagem é de tirar o fôlego. Um longo braço de mar avança pela floresta em tons turquesas, cercado por muito verde ao redor. Na bela baía de Paraty, a floresta se debruça sobre o Atlântico, produzindo contrastes e contornos surpreendentes, como os do incomum Saco do Mamanguá. As águas, ricas em nutrientes, compõem um verdadeiro berçário marinho. Além das mais de 100 espécies de peixes, esses mares abrigam camarões, lulas e diversas espécies de ostras e mexilhões, tartarugas, golfinhos frequentemente avistados, e até, ocasionalmente, baleias que usam as águas calmas para descanso durante o período migratório. A formação é margeada por morros e pequenas praias povoadas por uma comunidade caiçara que ainda mantém seu modo de vida tradicional, sobrevivendo, na maioria das vezes, da agricultura de subsistência, da pesca e do artesanato tradicional.Conhecer as etapas de produção e até se arriscar no entalhe dos mini-barcos produzidos pelos moradores locais em uma oficina ao ar livre é, aliás, uma das atrações nos roteiros de turismo são oferecidos por receptivos locais.

Nas últimas décadas, esse modelo de turismo ecológico surgiu como um aalternativa econômica de baixo impacto para os moradores do Mamanguá, já que a formação daz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu.O cenário é perfeito para atividades como caminhadas leves (há trilhas cortando todo o Mamanguá), roteiros mais contemplativos ou mesmo esportes de aventura, que podem ser aliados às vivências culturais com a comunidade local. Além de conhecer o artesanato local, dormir e acordar com a vista para o mar, observar as canoas e os barcos coloridos dos pescadores, encarar que levam a mirantes com vistas incríveis – e remar em caiaque por um preservado manguezal são algumas das opções para quem desembarca na comunidade.

Antes disso, é preciso sacolejar 17 km em uma estrada em condições precárias de Paraty até o distrito de Paraty-Mirim e, de lá, contratar um traslado de 40 minutos de barco até uma das praias do lugar. São 33 ao todo para a felicidade dos visitantes que ainda podem explorar rios, restingas e o mangue do Mamanguá que forma um verdadeiro berçário marinho e termina em uma pequena cachoeira.

O turismo e o artesanato de caixeta

Antes de reclamar da estrada, lembre-se de que a dificuldade de acesso ajuda a protegar a natureza e a cultura dos povos tradicionais, mesmo em uma das faixas litorâneas mais frequentadas do País. Depois de Paraty-Mirim, não há estradas ou carros e poucos são os pontos com sinal de celular.

Um dos principais atrativos do Mamanguá é o Morro do Pão de Açúcar que ostenta 400 metros de altitude, proporcionando uma singular vista de todo o Saco e da baía da Ilha Grande. A trilhapara chegar ao topo do morro é bem demarcada, em meio à mata fechada, sendo concluída em cerca de 1h30 de subida forte. Do alto se vê toda a baía de Paraty.

Para conhecer as melhores praias do Saco, uma das opções é explorar o entorno remando. A operadora Interação (www.interacaoparaty.com) é um receptivo de turismo ecológico que oferece tours de caiaque no destino que nos permite alcançar as minúsculas enseadas, separadas por trechos fechados pela mata. Há diferentes opções de roteiros para pessoas com mais ou menos preparo físico que podem incluir visitas ao manguezal. Em alguns deles, também é possível visitar comunidades onde vivem os artesãos.

Praticamente escondidos nesse lugar-segredo perdido entre Rio de Janeiro e São Paulo, os artesãos do Mamanguá são exímios no entalhe da caixeta, uma espécie de nativa da Mata Atlântica. Geralmente ela brota nos alagados com sua madeira extremamente leve e de fácil manuseio que é transformada em miniaturas de canoas, traineiras, saveiros, escunas, veleiros e outros barcos que são pequenas réplicas das embarcações usadas pelos locais. São barcos dos mais diversos tipos e tamanhos que navegam tranquilamente no mar abrigado da formação.

Desde o final dos anos 90, os artesãos locais trabalham com o manejo sustentável da madeira, para tornar a atividade viável do ponto de vista ambiental.Por meio de uma parceria entre o Imbama, a Universidade de São Paulo e a Associação dos Moradores do Mamanguá, na época, foi realizado um curso de manejo comunitário de caixeta para quase 70% dos artesãos da comunidade. Também foi feito um diagnóstico que apontou as áreas e a intensidade de exploração que não fosse prejudicial para a reposição da espécie. Assim, da cooperação entre saber tradicional e conhecimento científico sobre a biologia e ecologia da caixeta, surgiu um sistema sustentável adequado à pequena escala de produção, em que se procura reduzir o desperdício, evitar a morte das árvores no período mais chuvoso e facilitar a colheita

Hospedagem

Apesar da pouca estruitura do Saco do Mamanguá, não faltam opções de pouso nas duas ótimas hospedagens do destino ou no camping do Sr. Orlando, pescador proprietário de um pequeno bar que serve almoço com peixe recém-pescado e oferece estrutura para barracas.

Para quem curte a natureza preservada, mas dispensa o camping, há opções de pousadas aconchegantes com arquitetura integrada à paisagem, poucos e exclusivos bangalôs, além de culinária de alto padrão. Ao cair da noite, as velas e lampiões iluminam os jantares à beira-mar, fartos em frutos do mar fresquinhos.

Como chegar

O acesso até Paraty-Mirim se dá por estrada de terra, que inicia no km 593 da rodovia Rio-Santos. O distrito está situado a 17,2 km de Paraty por estrada (9,6 km de asfalto mais 7,6 km de terra) ou 8,7 milhas por mar. Para chegar ao Mamanguá, é preciso contratar um barco, que leva cerca de 40 minutos até as praias do Saco.

Quem leva

Interação Paraty
Os roteiros envolvem atividades de esporte, como canoagem e trekking, e de cultura, como visita às casas de farinha, aula de pesca e artesanato. Há também expedições em canoas canadenses. A empresa oferece ainda hospedagem. www.sacodomamangua.com (24) 3371-1951/ (24) 9816-9659

Onde ficar

Mamanguá Eco Lodge Com uma área verde muito bem planejada, piscina natural com vista para o Morro do Pão de Açúcar, praia de areias finas, oferece hospedagem, opção de “Day Use” e boa gastronomia na Praia Grande. www.mamangua.com.br (11) 4063-8242/ (11) 9616-0630

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