
Antônio José de Dedé
As mãos que criam, criam o quê?
“Na arte, a pessoa já tem que nascer com a visão de fazer as coisas. Como eu pinto, eu olho pra madeira e já vejo como se estivesse pronta. Isso eu não aprendi”.
Tanto nas telas que pinta como no entalhe, Antônio José trabalha com temáticas regionais, como a religiosidade e a cultura popular. Santos católicos, como Cosme e Damião, São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, e importantes personagens da história, como Zumbi dos Palmares e Maria Bonita, são alguns exemplos. Para o artesanato com a madeira, costuma trabalhar com a jaqueira, o cedro e a castanhola. Sempre com a preocupação de saber a procedência da madeira, apenas comprando de árvores que já mortas ou secas. Para a pintura das peças utiliza tinta à base de água.
Quem cria?
“Nós que trabalhamos com essas coisas temos a nossa sabedoria”.
Terceiro filho do mestre Antônio de Dedé, já falecido, Antônio José trabalha há 14 anos com a arte de entalhar a madeira. Hoje, dos 9 filhos, 7 trabalham com o artesanato. A habilidade foi passada para o pai pelo avô que fazia carros de boi.
Família de trabalhadores rurais, Antônio de Dedé fazia apenas pequenas peças para enfeite. Foi uma galerista de São Paulo, Maria Amélia, quem reconheceu pela primeira vez o valor do seu trabalho e o incentivou a fazer também peças maiores.
Para Antônio José, o gosto pela arte começou antes do entalhe, com o desenho e a pintura em tela, atividades às quais ainda hoje se dedica.
Onde cria?
Lagoa da Canoa é uma cidade do agreste alagoano, situada a 150 km da capital, Maceió. Com cerca de 20 mil habitantes, é conhecida como a terra do músico Hermeto Pascal. Desde sua fundação, o município é marcado pela agricultura, sendo ainda hoje muito presente a cultura da roça e da cerâmica tradicional.
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