
Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros
As mãos que criam, criam o que?
A partir desse saber-fazer, as comunidades têm criado novas coleções com inovações de produtos e inserção de novos materiais, como sementes, peças em coco, e novas técnicas também tradicionais, como o tingimento natural da linha da seda do buriti. Assim, as artesãs que antes produziam com a técnica do trançado das fibras do capim e do buriti objetos que estavam presentes em seu dia-a- dia, como os chapéus que protegiam os lavradores na roça, cestos entre outros utensílios, agora produzem as mais variadas peças.
Quem cria?
A partir de 2000, com a facilitação do acesso das comunidades da região do Jalapão às cidades mais próximas, o governo do estado do Tocantins, através da Secretaria de Cultura, passou a incentivar o artesanato com o capim dourado. As peças, assim, passaram a circular em grandes centros urbanos, como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
A comunidade de Mumbuca recebeu oficinas com orientações para adequação dos produtos ao mercado e para a sua comercialização. A partir do trabalho realizado junto ao designer Renato Imbroisi, a comunidade criou novos produtos, o que redimensionou também o alcance do artesanato. Logo, a atividade chegou até as comunidades vizinhas e no próprio município de Mateiros. Nesse contexto, nasceu a Associação de Mateiros – ACAPPM – assim como as demais associações da região, o que reflete o rápido crescimento da prática artesanal, antes realizado por apenas 8 artesãs de Mumbuca. Hoje são mais de 200 artesãs envolvidas no trabalho com o capim dourado que se tornou a principal fonte de renda de muitas famílias.
Onde criam?
O município tocantinense faz divisa com os estados do Piauí, do Maranhão e Bahia. Mateiros encontra-se em meio à região ecoturística do Jalapão, abarcando a área do Parque Estadual do Jalapão. O Jalapão é um lugar cheio de encantos, chapadões e serras que compõem a paisagem de cerrado e savana, com gigantescas dunas costuradas por rios e cachoeiras. O nome, Jalapão, vem de uma planta abundante na região, a Jalapa, também conhecida como batata de purga.
Os finas hastes de ouro que pintam de dourado a paisagem do Jalapão, apesar do nome, capim-dourado, não são capim, mas uma sempre-viva, uma planta muito resistente que mesmo depois de colhida segue viçosa por muito tempo. É uma planta do cerrado, sendo o capim dourado, especificamente, nativo da região do Jalapão. O Jalapão é um dos poucos locais que conta com uma área considerável de cerrado conservado, onde se encontram os campos de capim dourado. A colheita é feita uma vez ao ano, no começo da primavera, junto com a semeadura. Como o respeito à época da colheita é crucial para a sobrevivência da planta, criou-se uma lei que regula a sua coleta. Outra forma de garantir a sustentabilidade ambiental, social e econômica do local foi proibir a saída do capim dourado “in natura” da região, sendo permitida apenas a circulação de peças produzidas pelas comunidades.
Rede nacional do artesanato
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