Artesãos

Artesão individual

Artesão é um trabalhador que exerce um ofício, de forma individual ou coletiva, para transformar matéria-prima em produto acabado por meio de técnicas principalmente manuais. Tem domínio e conhecimento sobre as técnicas, os materiais e processos de sua atividade.

As mãos são os instrumentos mais importantes em seu trabalho, ainda que utilize ferramentas e equipamentos auxiliares. Os objetos produzidos por um artesão são únicos, possuem marcas do seu gesto e ritmo de trabalho, e expressam a identidade cultural da sua comunidade ou povo.

Artista Popular

O artista popular dedica-se a criar obras autorais com valor artístico, ou seja, que possuem significação poética. Suas peças expressam os modos de viver da sua comunidade, seus valores, sonhos, crenças e percepções. Assim como o artesão, o artista popular que produz objetos transforma a matéria-prima tendo as mãos como principal ferramenta. Possui domínio das técnicas e processos de seu trabalho, aprendendo de forma tradicional ou por conta própria, sem uma especialização acadêmica em arte.

Muitas vezes, um artista popular é considerado artesão e vice-versa. A principal diferença entre eles é que o artista possui um compromisso com a originalidade e sua forma particular de expressão, enquanto o artesão dedica-se ao domínio de um conhecimento compartilhado por um coletivo. 

Mestre

Mestre João das Alagoas. Foto: Michel Rios

O mestre é o artesão que possui grande conhecimento sobre seu ofício e domínio da técnica, destacando-se por sua capacidade de transmitir conhecimentos e criatividade. É uma figura de referência, reconhecido e admirado por sua comunidade e especialistas.

Como guardião de memórias e conhecimentos, possui papel importante na manutenção das práticas e saberes de um povo, despertando o interesse de jovens e passando seus saberes para as novas gerações. Um mestre pode transmitir seus conhecimentos para aprendizes ou influenciar e inspirar indiretamente artesãos locais.

Aprendiz

O aprendiz é o artesão que se dedica a aprender um ofício, ou seja, está em fase de formação. Os conhecimentos e as técnicas do trabalho artesanal geralmente são transmitidos por figuras de referência do núcleo familiar, como pais e avós, por mestres ou por cooperativas. No processo de aprendizagem, o aprendiz observa o trabalho de artesãos mais experientes e “aprende fazendo”, desenvolvendo e aperfeiçoando sua técnica na prática por meio da tentativa, erro e repetição.

O aprendiz possui papel importante na continuidade de um ofício, pois se torna o detentor desse conhecimento em sua geração. Devido às mudanças sociais, econômicas e ambientais que impactam as comunidades tradicionais, os jovens estão se interessando cada vez menos pelas práticas artesanais. Para enfrentar esse desafio geracional, as comunidades têm convocado o Governo e setores da sociedade civil, com o objetivo de propor ações e políticas públicas que promovam a valorização econômica da atividade para incentivar a permanência dos jovens em suas comunidades.

Coletivos (Associação, Cooperativa e Grupo Familiar)

As organizações coletivas são formadas para que os artesãos possam melhorar seus resultados através do trabalho coletivo, trocar experiências e acessar benefícios sociais. 

Os grupos informais reúnem pessoas unidas por laços que não dependem da lei. São pessoas que se unem por algum interesse comum, como a utilização de uma mesma técnica ou matéria-prima. Já as formas de organização legalizadas são regidas por leis específicas e devem ser registradas junto ao Estado, pois possuem identidade jurídica. As mais comuns encontradas no universo do artesanato são a associação e a cooperativa.

No grupo ou núcleo familiar, uma figura de referência, como o pai, a mãe, o avô ou avó, orienta o trabalho dos demais membros da família. As pessoas que participam de um grupo familiar podem dividir as tarefas da produção artesanal, dedicando-se ou não a outros trabalhos produtivos, como a agricultura. Essa forma de organização pode ser informal ou formal.

A cooperativa é formada por no mínimo vinte membros e seu principal objetivo é alcançar o desenvolvimento econômico e financeiro do grupo através da comercialização dos produtos. Todos os cooperados participam da tomada de decisões e são responsáveis pela produção, dividindo igualmente os investimentos e os lucros.

Já a associação é um grupo de duas ou mais pessoas que se organizam para defender interesses comuns, podendo ou não ter como atividade fim a comercialização. Possui gerenciamento mais simples e custo de registro mais baixo do que a cooperativa, sendo a forma de organização coletiva mais comum no universo do artesanato.

Diferentes associações ou cooperativas podem se reunir, formando uma cadeia produtiva. É o caso da Central Veredas, formada por oito associações de artesãos que se dividem nas atividades da fiação, tingimento e tecelagem das peças produzidas.

A partir dos anos 2000, os projetos de capacitação e incentivo à comercialização realizados pela Artesol, SEBRAE e governos estaduais estimularam núcleos familiares e grupos de artesãos a formarem associações e cooperativas. Essas formas de organização permitem aos artesãos usufruir de programas governamentais, facilitam os processos burocráticos de venda, dão acesso facilitado a consultorias técnicas e a crédito em programas de financiamento e barateiam a aquisição de matérias-primas, além de fortalecerem os laços comunitários.